Por que Lionel Messi escolheu Miami em vez de Riad

Como muitos latino-americanos ricos, Lionel Messi está se mudando para Miami. Ao contrário da maioria deles, no entanto, ele poderia morar em qualquer lugar - e se tivesse decidido por Riad, poderia ter ficado um bilhão de dólares mais rico. Então, por que o jogador de futebol mais famoso do mundo decidiu encerrar sua carreira com um time que ficou em último lugar em um país onde o futebol é, na melhor das hipóteses, o quarto esporte mais popular?

Na verdade, o esperado contrato de Messi com o Inter Miami, da Major League Soccer dos EUA, faz muito sentido - profissionalmente, pessoalmente e talvez até financeiramente. Deixe-me explicar.

"Leia a nota em espanhol."

Primeiro as razões profissionais. Depois de vencer a Copa do Mundo em dezembro, Messi conquistou tudo no futebol: prêmios Ballon d'Or, títulos europeus, títulos da liga. Ele fará 36 anos em apenas duas semanas, mas ainda pode jogar em alto nível por mais alguns anos. Ficar no Paris Saint-Germain, do Qatar, onde era regularmente assobiado pelos torcedores franceses, não era uma opção. O retorno ao Barcelona, ​​o clube de sua vida, teria produzido a "última dança" que seus torcedores da Catalunha e do mundo desejavam. No entanto, a terrível situação financeira do Barça e a política complicada dificultaram o acordo.

Isso deixou duas "opções de dinheiro" sobre a mesa: Inter Miami e Arábia Saudita, para a qual Messi fez alguns trabalhos como embaixador do turismo.

Messi já é um dos atletas mais ricos do mundo, então talvez ganhar mais dinheiro não seja exatamente uma prioridade para ele. Ainda assim, é preciso muita coragem para dizer não ao suposto US$ 1 bilhão que os sauditas ofereceram. Se você não acredita em mim, pergunte a seu inimigo, Cristiano Ronaldo - ou ao PGA Tour.

Os detalhes do acordo de Messi em Miami ainda não são públicos, mas os acordos de participação nos lucros relatados com a Apple Inc. e a Adidas AG tornariam o negócio mais rico. Ele poderia estar seguindo o modelo de Pelé - o outro candidato ao título de melhor jogador de todos os tempos, que em 1975 assinou com o New York Cosmos - e apostar que o "futebol" finalmente decolará na maior economia do mundo. Ele também pode estar pensando em David Beckham, que se mudou em 2007 para a MLS, trazendo sua carreira a um fim tranquilo, mas sua celebridade a um novo (e mais lucrativo) nível.

E, finalmente, há os motivos pessoais: Messi é "um homem de família, muito estável em sua vida pessoal, então, como marca, ele é muito diferente do de Ronaldo", diz Simon Chadwick, professor de esporte e economia geopolítica na Skema Business School em Paris. Messi já tem um apartamento em Miami e gosta de passar as férias por lá. Em Miami, disse Messi em entrevista sobre a mudança, ele e sua família teriam um estilo de vida diferente, "aproveitando muito mais o dia a dia".

Claro, Messi ainda é um competidor - e jogar por um time perdedor em uma liga de segunda categoria será difícil. Onde ele vai buscar sua motivação? A resposta é clara: ele continua sendo o capitão da seleção argentina de futebol. Ele agora está desfrutando dos holofotes do sucesso após anos de derrotas dolorosas; e tem o desafio de revalidar a Copa América, que será disputada nos Estados Unidos no ano que vem. O ambiente de menor intensidade da liga americana pode até prolongar sua carreira internacional. A Copa do Mundo, lembre-se, é na América do Norte em 2026.

Claro, ele poderia ter ganhado mais dinheiro em Riad. E sim, teria sido emocionalmente satisfatório para ele encerrar sua carreira no Barcelona. Mas esse arranjo pode permitir que Messi ajude a Argentina a defender seu título da Copa do Mundo. Como compatriota argentino, estou bastante satisfeito com a mudança de carreira de Messi.

João Paulo Spinettoé editor-chefe da Bloomberg News para economia e governo na América Latina.

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